domingo, 16 de agosto de 2009

INTERNET



Web: [Ing.] (Teia). Forma reduzida de se referir à WWW. Fonte: http://www.dicweb.com/.

WWW - World Wide Web: [Ing.] (Teia de Alcance Mundial) Conjunto interligado de documentos escritos em linguagem HTML armazenados em servidores ao redor do mundo. Foi concebida pelo físico inglês Tom Berners-Lee em 1989. Fonte: http://www.dicweb.com/.

Internet: (‘internet) [Ingl.] sf. Inform. 1. Conjunto de redes de computadores ligadas entre si. Rede de computadores de âmbito mundial, descentralizada e de acesso público, cujos principais serviços oferecidos são o correio eletrônico e a Web. [Tb. Se diz rede.] – Fonte: Dicionário Aurélio.

URL: Universal Resource Locator - Localizador Universal de Recursos. Endereço exclusivo de cada página da web.
As páginas da web são interconectadas. Você se conecta com outras páginas clicando no texto ou nos gráficos que possuem vínculos (hyperlinks).

− Geralmente os hiperlinks aparecem sublinhados
− Geralmente aparecem em uma cor diferente
− Colocando o cursor sobre ele, este transforma-se em uma mãozinha.
Navegar na web significa seguir os vínculos (hyperlinks) para diferentes páginas da web. Ao navegar, você poderá encontrar páginas sobre as quais tenha lido ou das quais ouviu falar pela televisão.

Breve Histórico


Esse mundo em que vivemos hoje em dia, eletrônico, com computadores e Internet e bem recente, tudo começou ainda no século XX.

Os primeiros computadores eram muito diferentes dos existentes hoje, eram enormes, chegando a ocupar andares inteiros de um prédio. E a capacidade dessas maquinas não era medida em bytes e sim em metros quadrados. Imagine como era!

Só depois de algum tempo é que surgiu a Internet, a qual inicialmente era fechada e de uso, apenas, do governo americano. Vamos fazer uma viajem ao passado para que você possa entender desde o começo!

Tudo surgiu em plena Guerra Fria. Na década de 50, o governo americano criou o ARPA (Advanced Research Projects Agency), com a missão de pesquisar e desenvolver alta tecnologia para as forças armadas e na década de 60 surgia a ARPAnet, o primeiro sinal do que viria a ser a Internet de hoje. O objetivo era interligar os principais centros militares americanos, de uma maneira tal que a comunicação fosse rápida, eficiente, não dependesse de um comando central e não fosse destruída caso algum de seus pontos fossem atingido.

Já na década de 70, as universidades começavam a se conectar nessa rede, mudando o objetivo militar para um objetivo acadêmico. Foi efetuada a primeira conexão internacional entre a Inglaterra, a Noruega e os Estados Unidos através de cabos, rádios e satélites.

A grande rede foi se desenvolvendo e em 1974, 62 computadores já estavam conectados. Entretanto, era necessário aperfeiçoar o protocolo de comunicação da ARPAnet (que só podia prestar serviço apenas a 256 máquinas). Criou-se, então, o protocolo TCP /IP (Transmission Control Protocol/ Internet Protocol), capaz de oferecer 4 bilhões de endereços e que é usado ate hoje.

Mas a grande rede só foi crescer mesmo na década de 80 e, principalmente, na década de 90 quando passou a ser comercializada por empresas e grandes corporações.

Houve uma verdadeira "explosão" de computadores ligados à rede.

Atualmente, o número estimado de usuários da INTERNET é de 65 milhões em mais de 140 países, sendo que 10 milhões acessam diariamente. Esta significativa massa de usuários acessa a rede através de computadores e terminais em instituições educacionais, provedores comerciais e outras organizações

No Brasil, a Internet só foi chegar em 1992, por intermédio da RNP - Rede Nacional de Pesquisa - interligando as principais universidades e centros de pesquisa do país, além de algumas organizações não-governamentais e só em 1995 foi liberado o uso comercial da Internet no Brasil.

Algumas características:
  • Não possui dono, não pertence a nenhum governo.
  • A organização da Internet é desenvolvida a partir dos administradores das redes que a compõe e dos próprios usuários.
  • A Internet não é controlada por ninguém.
  • Computadores com diferentes configurações de hardware e software conseguem se comunicar.

Disponível em: http://www.khouse.fplf.org.br/manuais/internet01.asp. Acesso em 16/08/2009

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Suécia - Adolescente exagera no videogame e passa mal


Um adolescente sueco de 15 anos de idade sofreu um colapso e entrou em convulsão depois de jogar um videogame durante 24 horas seguidas em sua casa em Laholm, no sul da Suécia. No hospital, os médicos que o atenderam disseram que o colapso foi resultado de uma combinação de falta de sono, falta de alimentação adequada e tempo excessivo sob estresse, devido à sua concentração no jogo.

O garoto de 15 anos havia reunido seis amigos em sua casa no sábado para jogar a nova versão do videogame World of Warcraft, lançado recentemente. Segundo os médicos, o menino está agora fora de perigo. Mas o pai do adolescente, que já decidiu limitar os horários em que seu filho poderá jogar jogos de computador, iniciou uma campanha para alertar outros pais sobre os riscos de passar tempo demais jogando diante do computador.

O psicólogo e especialista em dependência de jogos eletrônicos, Owe Sandberg, alerta para o risco de os jovens se tornarem viciados em jogos. "É preciso ter limites", disse o psicólogo ao jornal Kvällsposten.

Segundo Sandberg, entre 30 mil e 40 mil adolescentes na Suécia se encontram atualmente sob risco de se tornarem dependentes de videogames. Um estudo sueco publicado esta semana pelo Instituto Karolinska, em colaboração com a Universidade de Upsala e a Universidade de Estocolmo, fez outro alerta sobre os riscos que podem ser provocados pelos videogames violentos.

Os pesquisadores pediram a um grupo de 19 adolescentes entre 12 e 15 anos de idade para jogar dois tipos de jogos de computador - um especificamente violento, e o outro não. Os resultados mostraram que o batimento cardíaco dos meninos que jogaram o jogo violento tornou-se irregular.

Além de observar os garotos enquanto eles jogavam os jogos, os pesquisadores também monitoraram os meninos à noite, durante o sono. Eles constataram que os batimentos cardíacos irregulares continuaram durante a noite. O estudo indica que jogar jogos violentos exerce impacto sobre o sistema nervoso dos adolescentes, afetando potencialmente seus sistemas biológicos centrais.

http://www.multirio.rj.gov.br/portal/riomidia/rm_materia_conteudo.asp?idioma=1&idMenu=3&label=Mat%E9rias&v_nome_area=Mat%E9rias&v_id_conteudo=72241

sábado, 15 de novembro de 2008

“Blogueiros” na sala de aula


O blog é uma ferramenta fácil, barata e que permite uma comunicação escrita dinâmica entre seus alunos.


Os bloggers surgiram no fim da década de 1990 e nos últimos anos tiveram crescimento acentuado. São criados, no mundo, 120 mil blogs por dia, 1,4 por segundo. O blog é o espaço pelo qual muitos adolescentes interagem, trocam informações e revelam suas aspirações e gostos pessoais. Este recurso se limita, na maioria das vezes, a um espaço alternativo de produção cultural; no entanto, existem algumas experiências de uso de blog em sala de aula que se revelaram eficientes e úteis na aprendizagem da escrita e troca de informações. Por se constituírem em um espaço de multiplicação e renovação cultural, os blogs criaram um novo léxico entre os usuários, que se apropriam de termos do inglês para criar sua própria linguagem.


Por exemplo, o dono do blog é o “blogueiro” e o texto inserido por ele é um post. A palavra foi transformada em “postar”, ou também, “postagem”, que é o ato de publicação. No entanto, os novos termos não devem assustar o professor que está interessado em levar o blog para a sala de aula; isso é o que mostra a experiência da professora Márcia Vescovi Fortunato, que vem utilizando o recurso há dois anos e tem obtido ótimos resultados. Fortunato ministra uma oficina de prática de leitura e escrita no curso de Pedagogia do Instituto Superior de Educação Vera Cruz, em São Paulo. O projeto consiste na criação de um blog por aluno. Cada estudante deve publicar suas impressões pessoais acerca de um livro ou autor. Desse modo, diversas habilidades são desenvolvidas, como o ganho de intimidade com o texto escrito e a familiarização com maiores cargas de leitura. Ana Carolina Guimarães Abrão, aluna do curso de Pedagogia, diz em seu post: “Sempre achei que iria ter muita dificuldade em escrever, mas vejo que não, o que está me aborrecendo é ter que ler tanta coisa para a faculdade. Eu gosto do que leio, mas o fato de haver prazos me atrapalha”.


“Esse exercício de escrita no blog é muito bom, acho que estou melhorando mesmo... Quem sabe tenha o mesmo processo com a leitura. Quanto mais se lê, mais se tem vontade de ler!” Para que as produções dos alunos não possam ser encontradas em ferramentas de busca, como o Google, Fortunato utiliza um recurso que impede a circulação dos blogs em “buscadores”; no entanto, isso não impede que os internautas tenham acesso aos blogs.Ferramenta para textos curtosMárcia Fortunato usa o blog, com seus alunos, como uma espécie de bloco de anotações que servirá para a confecção de um futuro trabalho. A professora acredita que seu método aumenta o interesse do aluno, pois utiliza uma ferramenta moderna e dinâmica que permite a interação entres os estudantes. A cada publicação semanal que os alunos fazem, a professora interfere, dando sugestões e demonstrando sua opinião. Além disso, os estudantes podem interagir entre si, fazendo apontamentos ou opinando sobre o que foi escrito.


Existe, também, a manutenção de um blog pela professora, que aprofunda questões discutidas em aula, além de servir como uma espécie de ponto de encontro dos blogs dos alunos. Fortunato ressalta que o blog é uma ferramenta que preza textos curtos e de fácil manipulação. Sendo assim, um trabalho que demande grandes pesquisas e textos mais elaborados não deve utilizar o recurso.


O blog pode trazer diversos benefícios para a aprendizagem, como o aumento do espírito crítico dos alunos, a melhora na produção escrita e a maior familiaridade com a leitura e interpretação de textos informativos, literários e teóricos. Porém, o ponto alto é, talvez, a criação de uma maior intimidade do aluno com aquilo que ele produz. Na medida em que a produção do estudante é algo pessoal, o blog ajuda a ressaltar esse aspecto. Ao ser questionada se seria boa idéia fazer o uso da metodologia em turmas de Ensino Fundamental e Médio, Fortunato diz que sim: “O espírito do blog é o de uma ferramenta fácil, barata e que favorece a comunicação entre os estudantes, estimulando-os por meio da criação de um espaço pessoal”. A professora conclui dizendo que a metodologia pode ser aplicada a qualquer disciplina escolar, em qualquer instituição.O blog no Ensino MédioMaria Luiza Aburre, coordenadora de Língua Portuguesa da Escola Comunitária de Campinas e autora de livros didáticos para o Ensino Médio, é uma incentivadora de projetos que envolvam tecnologia e educação. Defendendo postura semelhante à de Márcia Fortunato, Aburre acredita que a experiência feita no Instituto Vera Cruz poderia, muito bem, ser aplicada no Ensino Médio e Fundamental. “O blog é um espaço interessante para o professor de Ensino Médio que tenha como preocupações não apenas desenvolver o texto, mas fazer com que o aluno esteja informado sobre questões da atualidade. Você pode, por exemplo, propor um tema de discussão por semana e fazer com que os alunos o discutam no blog”, diz Maria Luiza.


Temas da atualidade e livros pedidos nas listas dos principais vestibulares do Brasil poderiam virar o centro de diversas discussões via internet. A única ressalva feita por Aburre é de que a criação do blog de cada aluno acarreta a exposição na internet do texto do estudante e, principalmente, sua exposição aos colegas de classe. Para isso, é oferecida uma opção: a criação de um blog para a sala inteira; deste modo, o professor poderia controlar de perto o que é produzido pelos seus alunos, mantendo a seriedade do método. Caberia ao educador criar um tópico de discussão por semana e selecionar alunos para serem redatores e mediadores das discussões decorrentes do tema. Ao final da semana, os estudantes poderiam criar um texto acerca do assunto discutido no blog e os melhores textos seriam publicados, evitando, desse modo, a exposição dos textos de todos os alunos. No entanto, Maria Luiza não recusa a idéia de Márcia, apenas diz que a criação de um blog e a subseqüente publicação de temas dependem de um compromisso e maturidade que, talvez, os alunos do Ensino Médio não tenham. Isso cabe ao professor definir.


O blog, usado como recurso didático tem muito a contribuir para o aprendizado escolar, conforme as professoras constatam. O que deve ser entendido pelo educador é que “a ferramenta mudou, mas a natureza da habilidade que precisa ser construída nos alunos, não. O professor deve ser o responsável por criar um senso crítico no aluno; assim como faz com livros, deve fazer também com a internet. Nem todos os livros são bons, nem tudo o que está presente na internet tem qualidade, mas ao contrário do que se pensa, existe muita coisa boa na rede. Por isso o professor não pode se abster desse mundo virtual”, diz Maria Luiza Aburre. O blog, ela acredita, é um bom começo para se iniciar uma aproximação com a internet e aumentar o interesse dos estudantes.

André de Oliveira

terça-feira, 4 de novembro de 2008

O QUE PODE VOCÊ, PROFESSOR

O que se espera de você, professor

Alberto Tornaghi
Introdução

Meu caro colega professor, este texto é um misto de provocação e convite que lhe faço. Uma provocação de colega que acredita que podemos, mais do que isso, que precisamos, devemos, construir uma nova identidade profissional para nós. É urgente que, cada escola assuma localmente a função de definir o que e como se faz educação em seu espaço, adequando os programas à sua realidade, definindo metodologias e o projeto político pedagógico. Para isso é necessário incorporar à nossa lide a função de, em rede e de forma colaborativa, procurar, estudar propor e divulgar uma nova forma de ser para nossas escolas, fazer delas um espaço em que possamos criar e compartilhar soluções para os problemas reais que enfrentamos. Se isso traz alguma complexidade pela novidade, traz também mais prazer e poder, por certo.

Já não basta à escola de Educação Básica o papel de repetidora do que se produz fora dela, de executora de políticas, metodologias e concepções pedagógicas criadas fora dela. Cabe a nós, à escola que somos, em que trabalhamos e vivemos cotidianamente, a decisão do que fazer dentro dela. Não sozinhos, não de forma autoritária e arrogante como o professor de outros tempos que dizia “desta porta para dentro quem manda sou eu”. A provocação é para buscarmos em rede, em parceria formas de trocar o autoritarismo arrogante por autoria libertadora, autoria que resulta em conhecimento e autoridade para definir e defender o melhor projeto de escola para aquela realidade.

Aí está o convite: é para que faça parte dessa rede, que se prepare para o exercício de autoria, em parceria com colegas, alunos e os recursos que dispõe em sua escola. Vamos discutir neste texto algumas possibilidades de tornar possível a participação nessa rede e, ao mesmo tempo, fazer dela uma rede produtiva.

Uma tal de antropofagia

Oswald de Andrade, em 1928, escreve o manifesto antropofágico. Explicita ali uma concepção de fazer artístico e cultural brasileiro que os modernistas vinham experimentando, um fazer que “bebe em todas as fontes”, deglute o que vem de fora e constrói uma forma toda própria de manifestação. Sem nada negar daquilo que chega, nem de onde chega, os modernistas incorporaram essas manifestações, as transformaram e produziram novas manifestações, bem brasileiras.

Já é tempo de aprendermos com os modernistas. Faz quase um século que nos ensinaram que o fazer brasileiro não é europeu, não é indígena, nem negro: é tudo isso ao mesmo tempo. Tudo misturado, resultando em produção nova, original, diferente do que se encontrava em cada uma das culturas de origem. Muito mais do que superposição, uma criação que inclui elementos dessas diversas culturas para produzir obras de arte que são brasileiras, formas brasileiras de manifestação e representação.

Convivemos na escola com propostas metodológicas, projetos político-pedagógicos, parâmetros e diretrizes curriculares, etc. O que fazer com tudo isso? A sugestão que trago aqui é fazer como os modernistas: absorver, deglutir, saborear e usar como fundamento para uma nova criação local. O que for útil deve ser usado, o que não for adequado, pode ser descartado.

E como fazer tudo isso? Como separar o “joio do trigo”? Como separar o que é útil do que é inútil, como fazer útil o que é obrigatório? Não sei, não tenho a resposta. Na verdade, não existe a resposta. São muitas respostas, muitas possibilidades, em cada local, uma conformação diferente será a mais adequada, com certeza. Esta resposta precisa ser produzida em cada local, em cada escola, em cada momento particular.

E na escola, como fazemos?

E como chegar a essa produção? Mais uma vez a proposta é quase óbvia, como o ovo de Colombo. Em parceria com colegas dentro e fora da escola, discutindo e estudando tanto as dificuldades como as boas coisas que produzimos e conhecemos.

Os colegas da escola, que só encontramos na hora do café, é preciso encontrá-los por mais tempo e de forma organizada e produtiva, em reuniões para discussão e estudos para as quais se vai com dúvidas, dificuldades e questões em mãos. Deve-se, também, levar para esses encontros as soluções e atividades interessantes que realizamos, outras propostas curiosas e de valor que se conhece, etc.

Os colegas de fora da escola, é preciso encontrá-los nos textos, nas revistas, na Internet, em vídeos, na TV Escola e até aqui, no Salto para o Futuro.

Alguns desses ambientes e produtos, como os programas do Salto para o Futuro, são interativos, isto é, oferecem canais de comunicação entre os que eram conhecidos como assistência e os que eram conhecidos com autores ou especialistas. Veja que digo “eram conhecidos” porque, quando se cria a interação direta, interfere-se no produto e a autoria passa a ser da rede composta por todos os que tomam parte interagindo e interferindo no que se realiza.

Os programas do Salto para o Futuro, por exemplo, seriam outra coisa, muito menos interessante, se não contassem com a participação de professores das escolas. Participei de alguns em que os canais de comunicação, por algum motivo técnico, deixaram de funcionar. Eram programas muito menos interessantes do que quando os professores participavam. Nossa percepção é de que a escola havia faltado ao programa naqueles dias. Foram poucos, felizmente, mas serviram para deixar evidente que, quando a escola não aparecia lá, vivamente, o programa ficava mais insosso e menos conseqüente. Seu potencial de transformação era muito menor.

O mesmo acontece com muitos espaços na Internet. A Internet é hoje, muito mais do que um espaço de pesquisa, um espaço de produção e de colaboração. Vamos tratar, adiante, de alguns desses espaços. Antes é preciso tocar em um ponto sensível e importantíssimo: quem arca com o tempo dessas reuniões, quem deve assumir a responsabilidade por esses encontros?

Quem ganha e quem paga

Quem ganha como tudo isso, quem ganha quando professores deixam de só ensinar e estudam para ensinar? Todos e cada um.

Ganha a escola com equipe de professores em formação continuada e em equipe, o que gera relações mais sólidas e produtivas. Estarão, além disso, mais envolvidos com o projeto pedagógico na medida em que são co-autores.

Ganham os professores que, ao participarem de formação continuada e regular, passam a ter na sua escola um lugar em que também aprendem e, por isso, ensinarão ainda melhor do que já fazem. Ganham ainda o direito e o prazer de se tornarem aprendizes. Descobertas e construções intelectuais são das coisas que mais nos divertem. Serão professores que podem mais, autores em colaboração, que conquistam maior autoridade, palavra que deriva justamente de autoria. Ganham os alunos, que contam com professores ainda melhor preparados e atualizados tanto em questões pedagógicas quanto de seu conteúdo específico e conhecedores do que acontece nas outras áreas e nos trabalhos dos colegas.


Ganha o sistema de ensino, que se torna mais eficaz e pode oferecer um ensino mais adequado e contextualizado em cada local, em cada escola. Ganha, finalmente, a comunidade.

Se ganham tantos, quem deve arcar com o esforço? Todos, naturalmente. Professores devem ter direito – e isso se conquista – a tempo pago para formação no local em que trabalham, formação a ser realizada em rede, com colegas e com acesso aos recursos de que dispõe a sua escola. Estes mesmos professores precisam criar as condições para que esses encontros possam se tornar realidade, definindo horários e espaços em que possam se reunir em pequenos grupos que tenham interesses em comum. A equipe gestora da escola precisa facilitar e estimular acesso aos recursos de que dispõe a escola, como computadores, acesso à Internet, bibliotecas videotecas e afins.
Internet, um mundo de produção e colaboração

Encontramos, hoje, na Internet uma enorme gama de possibilidades, para dar suporte ao aprimoramento do que fazemos na escola. Vou-me referir a duas possibilidades apenas: o Portal do Professor (http://portaldoprofessor.mec.gov.br/), criado e mantido pela SEED/MEC e o Porta Curtas (http://www.portacurtas.com.br/index.asp) site que nos oferece algumas centenas de curtas-metragens.

Ambos são espaços em que encontramos recursos úteis para nosso trabalho e, junto a eles, análises feitas por professores, colegas nossos, com sugestões de uso dos materiais em atividades com estudantes. Mais importante ainda, são espaços em que podemos colaborar, analisando o que lá está, interagindo com quem fez as sugestões e fazendo outras, apresentando para troca, com outros educadores, o que você realiza com seus colegas e alunos em sua escola.

Comecemos pelo Portal do Professor. Lá você encontra uma enorme variedade de produtos tanto para usar com seus alunos quanto para seu estudo pessoal. Nos produtos voltados para uso com estudantes, há aqueles para serem utilizados em aulas expositivas e outros que podem ser manipulados e explorados diretamente pelos alunos em atividades investigativas ou de simulação. O Portal apresenta na sua tela inicial 6 opções (veja Ilustração 1) e, cada um deles se desdobra em outras tantas.

Vá lá, explore um pouco o acervo, convide um ou dois colegas para explorarem a muitas mãos, mostrem uns para os outros o que encontraram, escolham alguma aula proposta para modificar e usar com seus alunos. Depois, voltem ao portal para comentar sua experiência com o material que utilizaram.

Aqui começa uma experiência completamente nova para boa parte de nós professores do Ensino Básico: a troca entre pares. Isso é prática cotidiana de cientistas e pesquisadores, às vezes com disputas acirradíssimas sobre o que estudam. Esta prática leva ao refinamento do que se estuda e contribui para ampliar as possibilidades de exploração dos recursos que temos. Não estamos falando apenas do domínio do conteúdo em si, mas das diversas e variadas formas de desenvolver o trabalho pedagógico sobre cada tema.
O “Espaço da Aula” é, em minha opinião, a novidade mais interessante em se falando de Internet e de colaboração. É ali que encontramos sugestões de atividades postadas por outros professores. O portal é bem novo mas já conta com muitas aulas. É fácil encontrar algumas que sejam do seu interesse, porque elas estão classificadas de várias formas: por componente curricular, nível de ensino, tema abordado etc.

Para um mesmo conteúdo, você encontrará propostas de trabalhos por projetos, aulas expositivas, trabalhos explorando ambientes de pesquisa, atividades experimentais entre outros. Como propunha Oswald de Andrade em seu manifesto, a idéia é deglutir e saborear todas as sugestões para, a seguir, criar a sua aproveitando de cada uma, o que for mais útil à ação que estiver desenvolvendo.

Veja que, assim, você e seus colegas começam a formar uma rede de formação permanente em seu colégio, ao mesmo tempo em que passam a integrar uma rede maior, de que participam professores de todo o país. Era deste convite que falava no início do texto.

Navegue pelos outros espaços do Portal do Professor. Verá que há muito o que explorar ali, muito o que usar e muito o que contribuir. E, quando quiser interagir diretamente com outros colegas que estejam distante de você, use o espaço de interação e comunicação. Ali você encontra salas de bate-papo em que pode encontrar colegas distantes para discutir suas produções.

O Porta Curtas (http://www.portacurtas.com.br/index.asp) é um site mantido pela Petrobras com um enorme acervo. Hoje, enquanto escrevo este texto, o site informa que tem pouco mais de 4400 curtas catalogados e quase 650 que podem ser vistos na íntegra no próprio site. Destes muitos estão comentados por professores com sugestões sobre como utilizar na escola.

Há um espaço especialmente voltado para nós, educadores, é o “Curta na Escola”. Bem na página inicial há um link para este espaço.Lá se encontra o acervo de filmes que estão acompanhados de comentários de professores de escola relatando o uso que fizeram. Para outros filmes há alguns pareceres pedagógicos feitos por pedagogos convidados. Em cada um o autor do parecer discute brevemente a temática do filme sob alguma perspectiva em particular e propõe uma atividade, que chamam de “situação didática”.

O Porta Curtas é mais um espaço que nos provoca a experimentar práticas novas na escola. São atividades escolares que tanto podem ter os vídeos com elemento disparador, como provocar a realização de vídeos nas escolas usando o que é possível fazer com os computadores que lá estão.
Mas, acima de tudo, é um espaço de interação, de trocas entre professores e destes com especialistas e pesquisadores. Navegue um pouco pelo espaço, dê a si o temo de vagar um pouco pelo que há ali, tenho certeza de que vai divertir-se além de encontrar bom material para seu trabalho.

Realizando alguma atividade com o que está ali, não deixe de registrá-la e postar seu comentário no Porta Curtas. Com certeza será útil para outros professores.

Conclusão

O que se delineia para nós, professores, neste tempo de acesso irrestrito a informação, tempo em que somos bombardeados com um volume inédito de informações tanto úteis como inúteis, tanto verdadeiras como falsas, é uma nova forma de ser e de atuar profissionalmente. Não somos mais quem traz informação para nossos estudantes, os meios de informação fazem isso de forma muito mais ágil e completa. Mas nem sempre a informação é correta ou, mesmo quando correta nos chega de forma que nos seja útil.

Nosso novo papel é o de junto com nossos alunos aprender a analisar essas informações, selecionar as que podem ser úteis ao nosso trabalho e produzir conhecimento localmente. É o de aprender a transformar informação em conhecimento.

Deixamos de ser provedores de informação para sermos produtores de conhecimento. Cá para nós, dá mais trabalho, mas é muito mais divertido. Este era o convite que fazia junto com a provocação inicial: entre nessa rede e venha divertir-se conosco. E não deixe de trazer seus colegas e seus alunos junto.
Alberto Tornaghi - Professor no Departamento de Informática Educativa do Colégio Santo Inácio, no Rio de Janeiro. Consultor na área de formação docente. Consultor da série.


domingo, 26 de outubro de 2008

A presença do audiovisual na formação de História

Por que refletir sobre este tema?

Muito se tem discutido acerca da inserção de recursos tecnológicos no ambiente escolar, fato justificável pela sua forte presença no nosso cotidiano, tornando-se necessário o uso destes recursos pela escola, trazendo mudanças significativas para a educação, aproximando-a do contexto global. Tais recursos podem favorecer o aprendizado, a construção dos processos cognitivos, apreensões e percepções do mundo, vindo dessa forma incentivar o ensino e promover a aprendizagem tanto de alunos como de professores.

Segundo Stahl (1997) os sistemas educacionais podem ser potencialmente afetados pelas tecnologias, assim como o processo de ensino-aprendizagem, as habilidades de pensamento e os papéis de professores e alunos. Embora a tecnologia seja um elemento bastante expressivo da cultura atual, ela precisa ser devidamente compreendida em termos das implicações do seu uso no processo de ensino e aprendizagem. Esta compreensão é que permite ao professor integrá-la à prática pedagógica, sabendo que ela não resolve todos os problemas da educação, uma vez que a sua inclusão não significa necessariamente mudança. Apenas incluir a tecnologia na escola não significa que haverá aprendizagem. É a mediação pedagógica do professor que efetiva a construção do conhecimento, com o uso da tecnologia, ou não.

Diante de uma realidade tão complexa, esta pesquisa, inserida na moderna sociedade tecnológica, propôs-se o desenvolvimento de um estudo sobre o uso da televisão e do vídeo em cursos de formação de professores de História, ou seja, investigar se os professores desses cursos oferecem aos seus alunos, futuros professores, oportunidade de alfabetização tecnológica (Sampaio e Leite, 2003) em relação à televisão e ao vídeo.

Para atingir este objetivo, buscamos responder as seguintes questões de estudo:

1- Qual o papel pedagógico da TV e do vídeo na sociedade atual?

2- Como se dá o processo de alfabetização tecnológica do professor quanto à TV e vídeo em cursos de formação de professores?

3- Como os professores desses cursos utilizam a TV e o vídeo nas suas práticas pedagógicas?

4- Como os alunos desses cursos (futuros professores) percebem o seu processo de alfabetização tecnológica em relação à televisão e ao vídeo?

Pelo que foi exposto, na sociedade atual, torna-se necessário refletir sobre o domínio das tecnologias e seus usos na escola como integrantes da formação inicial do professor, garantindo uma base de conhecimentos para a sua atuação na sala de aula. Mais uma vez a televisão e o vídeo podem apresentar uma possibilidade pedagógica relevante neste contexto.

A formação do professor para o uso das novas tecnologias

Os professores precisam atuar sobre as gerações que se formam de maneira significativa e crítica. Para que tal fato se concretize Belloni (1998) aponta para as seguintes necessidades: em primeiro lugar redefinir o papel do educador, a complexidade de suas tarefas exige uma formação inicial e continuada totalmente nova. Como formar o professor que a escola atual exige? A redefinição do papel do professor relaciona-se diretamente com a sua formação. Em segundo lugar encontra-se a comunicação, que é o meio através do qual os seres humanos constroem o seu saber, principalmente a sua cultura.

A autora chama a atenção para a necessidade de reflexões sobre a inter-relação da educação com a comunicação, e que se complexificam com a entrada das tecnologias.
Para que o uso da tecnologia se concretize na escola se faz necessário uma alfabetização tecnológica. Da leitura de Sampaio e Leite (2003) emerge um conceito de alfabetização tecnológica que é dinâmico, capaz de acompanhar o ritmo do desenvolvimento tecnológico e a mutabilidade do mundo em que vivemos. Segundo as autoras este uso envolve o domínio contínuo e crescente das tecnologias que estão na escola e na sociedade, mediante o relacionamento crítico com elas. Este domínio se traduz em uma percepção do papel das tecnologias na organização do mundo atual – no que se refere aos aspectos locais e globais - e na capacidade do/a professor/a em lidar com essas diversas tecnologias, interpretando sua linguagem e criando novas formas de expressão, além de distinguir como, quando e por que são importantes e devem ser utilizadas no processo educativo (p.100).
Num contexto mais amplo, esta alfabetização já faz parte da educação geral do indivíduo e a escola intervém formando o sujeito reflexivo, capaz de avaliar a validade ou não da tecnologia; envolve o aproveitamento das novas habilidades mentais desenvolvidas pelas crianças através de uma abordagem multimídica, cuja linguagem ao ser incorporada possibilita que a escola diminua a distância entre ela e os jovens; indica que há necessidade de trabalhar criticamente as informações e os valores que são transmitidos pelas tecnologias.A tecnologia deve ser usada para uma ação transformadora da sala de aula: o professor deve utilizá-la criticamente em situações criadas a partir da realidade do aluno, praticando novas propostas pedagógicas na construção do conhecimento, visando atuação crítica e reflexiva do aluno sobre a realidade.
Pensando a TV e o vídeo na construção do conhecimento
Sendo a sociedade contemporânea caracterizada pela multiplicidade de linguagens e pela forte influência dos meios, mediadores entre a realidade e as pessoas, não se justifica mais que a educação se limite a alfabetizar para o uso da palavra escrita, esquecendo-se da educação para a leitura da imagem, sendo que ambos são instrumentos de comunicação importantes. As linguagens do cinema, da TV e do vídeo são desdobramentos de formas de olhar e registrar, fazendo-se necessário uma leitura crítica desses meios de comunicação.
Para Belloni (2001), dentre as mídias, a televisão apresenta-se como uma presença constante e aparentemente gratificante para os jovens, o que confirma o seu importante papel como socializadora das novas gerações, constituindo-se num poderoso fator de reprodução social e num mecanismo eficaz de controle. A autora aponta a televisão como transmissora do saber acumulado e de informações sobre a atualidade, representações do mundo e regras de integração social. As crianças se apropriam e reelaboram essas significações “a partir de suas experiências e integram-se ao mundo vivido no decorrer de novas experiências” (p. 34). Destaca o vídeo como “a mídia mais freqüentada e que transformou a vida cotidiana de muitos povos e certamente o imaginário infanto-juvenil em escala planetária” (p. 18).
Diante deste amplo leque de novas configurações trazidas pela TV e pelo vídeo que se refletem na sala de aula, destaca-se o papel do professor, como aquele que deve introduzir, segundo Belloni (2001, p. 18) tanto “questões éticas (conteúdos e mensagens) quanto aspectos estéticos (imagens, linguagens, modos de percepção, pensamento e expressão)” realçando-se a necessidade de alfabetização tecnológica, neste caso, para uso específico de televisão e do vídeo. Percebemos, assim a necessidade de incluir a alfabetização tecnológica do professor na formação de professores e na formação continuada, sendo extensiva aos alunos e demais profissionais da educação. Em síntese, o professor é um elemento ativo na prática educativa, cuja dinâmica poderá integrar e interligar a escola à realidade dos alunos.
A realização da pesquisa
Devido a significância social dos cursos de formação de professores e a importância da introdução do vídeo/televisão na prática pedagógica dos professores para que os seus alunos, futuros professores, também sejam capazes de fazer o mesmo em suas salas de aula realizando uma prática pedagógica condizente com a sociedade moderna, escolheu-se o curso de História de três universidades públicas do Estado do Rio de Janeiro para o desenvolvimento desta pesquisa e que possuem licenciatura em História. Duas são federais e uma estadual e estão localizadas na área metropolitana do estado do Rio de Janeiro, a saber: Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Universidade Federal Fluminense e Universidade Federal Rio de Janeiro (unidade de São Gonçalo).
O questionário foi aplicado aos alunos e as entrevistas a quatro professores de prática de ensino das universidades pesquisadas. Os 50 alunos escolhidos estão matriculados no curso de História no ano de 2004, e cursando as disciplinas pedagógicas. Teoricamente estariam em melhores condições para responder às questões da pesquisa, por possuir maior vivência com os recursos tecnológicos da televisão e do vídeo no desenvolvimento do seu curso do que os alunos dos períodos iniciais.
Revelações da pesquisa
Entre as principais conclusões podemos confirmar que há uma forte presença dos meios de comunicação, principalmente da televisão no cotidiano das pessoas. Este fato justifica que estas mídias sejam integradas ao processo pedagógico e também, porque são formadoras de sentidos, transmitindo valores, ideologias e representações das classes dominantes, através de conteúdos que precisam ser estudados e analisados. Assim, a História se apresenta como uma disciplina capaz de inserir no seu currículo a televisão e o vídeo trabalhados nesta perspectiva; e estes aspectos se fazem presentes nas falas dos alunos, conforme revelado nos dados analisados.
Para que as tecnologias possam ser integradas ao ambiente escolar, há necessidade de que o professor se sinta seguro, dominando aspectos técnicos, didáticos e pedagógicos da educação, fazendo uma apropriação crítica das mesmas, pois as tecnologias não são neutras, alteram a forma como pensamos, desenvolvem novas capacidades cognitivas e perceptivas. A análise dos dados indicou que habilitar o licenciando para o uso da televisão e do vídeo não faz parte do currículo de História (grade curricular), mas se faz presente, mesmo que de maneira dispersa, da prática dos professores de sala de aula. Constatou-se que os professores da graduação revelaram uma preocupação em desenvolver um uso crítico destas tecnologias, embora não seja um tema incluído no currículo de prática de ensino.
Do ponto de vista dos alunos da graduação, ou seja, como os licenciandos percebem o seu processo de alfabetização tecnológica em relação a estas duas mídias, constatou-se que quase todos os alunos participantes revelaram que se sentem relativamente seguros em relação a sua alfabetização tecnológica, pois na sua quase totalidade, farão uso da televisão e do vídeo em suas futuras práticas pedagógicas.
Os licenciados indicaram que não há necessidade de incluir uma disciplina obrigatória para ensinar o uso da televisão e do vídeo, mas recomenda-se uma disciplina específica e optativa que trabalhe com os professores a utilização dos diferentes recursos tecnológicos nas suas futuras aulas.
A pesquisa revelou que as mídias são utilizadas predominantemente como ferramentas, havendo necessidade de uma educação para as mídias, principalmente no que se refere ao uso de programas de televisão. A leitura crítica refere-se predominantemente aos filmes. Recomenda-se que a leitura ideológica de programas de televisão, noticiários, novelas e propagandas também deveriam ser incluídos nestas leituras críticas, assim como a compreensão dos objetivos em relação ao consumo e a maneira como a persuasão funciona nas mensagens publicitárias.
Na formação para a cidadania, estaria incluída a melhoria da qualificação dos alunos e dos professores como telespectadores capacitados para a leitura audiovisual. Na busca deste caminho, procurou-se, neste estudo, reflexões para que o uso pedagógico da televisão e do vídeo nos cursos de formação de professores pudesse contribuir para se repensar o ensino, principalmente o de História, tornando mais significativos para os alunos a aprendizagem de seus conteúdos. Conclui-se, então, que o professor é o intelectual transformador, conscietizador e crítico da sociedade e que a escola deve desenvolver a leitura ideológica propiciada pela TV como exercício para a construção da autonomia e da cidadania, como forma de neutralizar a conformidade, a esterilidade e a banalidade destes tempos pós-modernos.
Referências bibliográficas
BELONI, Maria Luiza. Tecnologia e formação de professores: Rumo a uma pedagogia pós-moderna? In: Revista Educação e Sociedade. Ano XIX/dezembro/1998, nº 65 CEDES, p. 143 162.
________________. O que é mídia-educação. Campinas, SP: Autores Associados, 2001.
SAMPAIO, Marisa Narciso; Leite, Lígia Silva. Alfabetização tecnológica do professor. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. STAHL, M. Formação de professores para uso das novas tecnologias de comunicação e informação. In: CANDAU, V.M. (Org). Magistério: construção cotidiana. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. p. 292-317
Maria de Fátima Caridade da SilvaMestre em Educação pela Universidade Católica de Petrópolis.

domingo, 12 de outubro de 2008

O 15 de outubro e suas transformações

O Dia do Professor foi festejado pela primeira vez em 15 de outubro de 1933, com missa e sessão cívica no Instituto de Educação do Rio de Janeiro. A iniciativa partiu da Associação dos Professores Católicos do Distrito Federal (APC-DF) e chamou-se Dia do Primeiro Mestre. A idéia veio do presidente da Associação, Everardo Backheuser, com objetivo de dar às pessoas ocasião para que demonstrassem sua gratidão ao seu primeiro professor ou professora.
Homenagem – Com o passar dos anos, a comemoração se difundiu e ganhou novos significados, sem que se perdesse seu sentido original de homenagem. E tornou-se também assunto de polêmicas na imprensa e de disputas políticas num Brasil cada vez mais urbano e industrializado.
Primeira lei – O dia 15 de outubro foi escolhido porque nessa data, em 1827, o imperador D. Pedro I assinou a primeira lei sobre ensino primário no país. O decreto imperial regulamentava a distribuição das unidades escolares, o salário dos mestres, a forma de ingresso no magistério e as disciplinas a serem ensinadas a meninos e meninas. No mesmo dia, foram designados os vigários para as paróquias existentes em todo o país, o que foi um marco importante também para a Igreja Católica.
Novos anseios – Cem anos depois, a educação brasileira passava por um grande questionamento, em que se contrapunham aqueles que defendiam a primazia da Igreja Católica na condução da tarefa de educar e os que queriam uma escola primária laica e universal, moderna e mais próxima dos ideais republicanos.
Reforma – Em 1927, o então Diretor Geral de Educação do Distrito Federal era o mineiro Fernando de Azevedo. Ele aproveitou as comemorações do centenário da primeira lei e as conseqüentes discussões sobre a importância da data para propor e dar início a uma grande reforma do sistema educacional do Rio de Janeiro, já nos moldes da educação nova. O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, em 1932, de que Azevedo foi um dos formuladores e primeiro signatário, reforçou o movimento.
Difusão – Foi nesse contexto que, em 1933, a APC-DF conclamou a população e o magistério católico a homenagearem os velhos mestres em todo o país. No artigo Celebração e visibilidade: o Dia do Professor e diferentes imagens da profissão docente no Brasil (1933-63), publicado na Revista Brasileira de História da Educação (São Paulo, volume 8, dez., 2004), a professora e pesquisadora Paula Perin Vicentini, da Universidade de São Paulo (USP), relata que a idéia encontrou eco principalmente em São Paulo, onde o Centro de Cultura Intelectual promoveu uma série de atividades e ajudou a divulgar a iniciativa.
A padroeira – O mesmo fez a Liga do Professorado Católico de São Paulo, que já festejava em 15 de outubro a patrona da entidade – Santa Teresa D´Ávila. Proclamada “doutora da Igreja” em 1970, a santa já tinha sido designada como a “padroeira do magistério” em 1949. “Creio que a iniciativa de comemorar o Dia do Professor em 15 de outubro pode ser entendida como estratégia utilizada pelos educadores católicos para ampliar ou fortalecer sua influência junto aos professores, cuja importância na disseminação dos ideais católicos era bastante considerada”, disse Paula Vicentini ao PORTAL MULTIRIO.
Comissão – Ainda em São Paulo, foi criada, nos anos 40, uma comissão pró-oficialização do Dia do Professor. A esse movimento aderiram entidades de classe como o Sindicato do Ensino Primário e Secundário, a Associação dos Professores do Ensino Secundário e Normal Oficial do Estado de São Paulo (Apesnoesp) e a União Paulista de Educação (UPE).
Oficialização – A comissão conseguiu, em 1948, que o 15 de outubro fosse declarado feriado escolar estadual pelo governador Adhemar de Barros. A partir de então, a imprensa começou a noticiar as solenidades realizadas por diversas unidades escolares, ginásios e escolas normais. O Estado, por sua vez, deu maior ou menor ênfase à celebração nos anos seguintes, de acordo com a relação que se estabeleceu entre ela e as lutas da categoria por melhores salários, condições de trabalho e maior prestígio social.
Imprensa – Paula Vicentini considera que a cobertura da grande imprensa às comemorações do Dia do Professor, tanto em forma de noticiário quanto em comentários, contribuiu para a incorporação da data ao imaginário coletivo. Mas o engajamento e o enfoque dado a essa cobertura por cada veículo é revelador das relações entre o campo educacional e o jornalístico. Se, por um lado, havia o alinhamento de alguns jornais com as posições dos patrões ou do Estado, por outro as entidades de classe tinham também sua influência, e o professorado aparecia como um segmento potencial de leitores que era interessante atrair e manter.
Polêmica – No Rio de Janeiro, então Distrito Federal, o feriado do Dia do Professor, noticiado pela primeira vez em 1951, encontrou resistência por parte dos donos de escolas privadas. A polêmica se refletiu na imprensa. Enquanto O Globo questionava, na primeira página de 15/10/1951, que se tinha menos um dia de trabalho no calendário escolar – “estuda-se seis meses no Brasil e paga-se um ano inteiro” –, o Correio da Manhã criticava, em 1953, o não cumprimento da lei que decretava o feriado por parte das instituições privadas de ensino.
Sacerdócio – Vale notar que o jornal carioca Última Hora, em 1951, promoveu, por ocasião da data, a eleição do Patrono do Professorado Carioca, entre vultos importantes ligados à educação e já falecidos. Na disputa estavam nomes como Rui Barbosa, D. Pedro II, Abílio Cesar Borges, Ernani Cardoso e Benjamin Constant. Mas o vencedor foi o padre José de Anchieta. De acordo com Paula Vicentini, “a vitória de Anchieta evidencia o predomínio de uma concepção sacerdotal da docência, em que sacrifício, abnegação e dedicação se associavam na descrição de um mestre exemplar”.
Reivindicações – Nos anos 30 e 40, as comemorações do Dia do Professor quase sempre se limitavam a exaltar a abnegação e dedicação desses profissionais no cumprimento de sua “nobre missão”. Porém, a partir do final dos anos 50, sem perder seu lado afetivo de homenagem, o Dia do Professor ganhou também um caráter de protesto e reivindicação do magistério por melhores remunerações e condições de ensino. Em São Paulo, instaurou-se “entre o Estado e as associações docentes uma disputa para apropriar-se da comemoração e atribuir-lhe diferentes sentidos, tanto para o movimento docente quanto para a imagem social dos professores”, escreve a autora.
Jango x Lacerda – Na capital do país, a disputa maior continuava a ser com as escolas particulares. Em 1963, os diretores dessas instituições, apoiados por Flexa Ribeiro, secretário de Educação do governador Carlos Lacerda, ameaçaram obrigar os professores a trabalhar no 15 de outubro em represália às reivindicações salariais. Mas a estratégia foi neutralizada pelo decreto do presidente da República, João Goulart – opositor de Lacerda – transformando o Dia do Professor em feriado nacional da categoria.
Esvaziamento – A comemoração do 15 de outubro é, hoje, feita nas escolas, principalmente, nas de Educação Infantil e nas das primeiras séries do Ensino Fundamental. Para Vicentini, são necessários novos estudos para identificar os significados que permanecem associados a esse tipo de iniciativa e também os novos sentidos atribuídos a ela. Mas a pesquisadora percebe que a data tem sofrido “um processo de esvaziamento nas últimas décadas”, com poucas menções na imprensa e na mídia em geral.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Celulares em sala de aula


Cresce o número de alunos e alunas, que colocam em suas mochilas de material escolar a telefonia móvel. Essa nova tecnologia aparece não mais apenas como um meio de comunicação entre as pessoas, mas também como uma nova forma de escrita: os torpedos.

Com o uso do aparelho celular, algumas práticas da cultura escolar se matem viva ou mais forte e outras passam a surgir e se incorporam às nossas identidades. Parece fazer ocorrer, como é o caso de proibição do uso desse aparelho nas escolas, a delimitação do que pode e do que não pode estar na escola. Pode, ainda, trazer a natureza do cuidado redobrado por parte dos educadores, a fim de delimitar claramente o sentido da ética.

Na chamada era da informação do conhecimento, garantir o acesso, o uso ético da população às novas linguagens culturais que vão invadindo a escola e se tornam ferramentas essenciais ao desenvolvimento humano dos chamados “incluídos digitais”, encontra-se ainda como desafio no cotidiano da sala de aula das escolas. No entanto, não podemos ignorar a rapidez com que esses aparelhos estão chegando às escolas.

Buscando uma nova epistemologia da visão e da ação que transforme o nosso olhar fixo e opaco para o novo que saltita aos nossos olhos, parece precisar que olhemos para nossos pés. Com o desequilíbrio encontraremos caminhos. Um deles foi à elaboração de torpedos com mensagens de menor consumo de energia. Além do sujeito ou pessoa que possui ou não o celular experimentar a diversidade da escrita, cada um dos alunos também pode experimentar e estar envolvido com possibilidades de tornar o mundo mais belo.

Entre tantas discussões sobre as respostas que devemos dar, como educadores, às transformações culturais e sociais as tantas informações e conhecimentos de mundo trazidos por nossos alunos nos perguntamos: ainda faz sentido falar de ética nas escolas? A resposta a essa pergunta é sim.

Sem limites éticos na escola, o seu fazer pode ficar esquecido colocando como prioridade a ambição individualista, o desejo de poder, a busca desenfreada pelos bens materiais ou mesmo pela própria tecnologia. E com isso a visão humanística, o pensamento pluralista, a participação criativa ficam relegadas a planos que não facilitam a busca da tão sonhada solidariedade. É nessa perspectiva que falar de ética ainda faz sentido como um subsídio a mais para o cumprimento diário e concreto da missão e compromisso da educação. Assim, o uso do conhecimento não estará a serviço de poucos em detrimento dos muitos que se encontram a margem do que se produz com o conhecimento.

Afinal, se o celular a cada “TIM” deseja um “OI” o que é “CLARO” exige de seu usuário uma resposta de que está “VIVO”, não podemos deixar de entender que ele pode ser um bom instrumento de/para a discussão dos usos e fabricações éticas no/do cotidiano das escolas. Desse modo, parece que o provérbio popular colocado no início desse texto é um bom argumento para dialogarmos com as novas mídias que estão invadindo o cotidiano das salas de aula.

Castellano Fernandes Monteiro
http://pt.shvoong.com/humanities/1738763-celulares-em-sala-aula/. Acesso em 30/09/2008