terça-feira, 30 de setembro de 2008

Celulares em sala de aula


Cresce o número de alunos e alunas, que colocam em suas mochilas de material escolar a telefonia móvel. Essa nova tecnologia aparece não mais apenas como um meio de comunicação entre as pessoas, mas também como uma nova forma de escrita: os torpedos.

Com o uso do aparelho celular, algumas práticas da cultura escolar se matem viva ou mais forte e outras passam a surgir e se incorporam às nossas identidades. Parece fazer ocorrer, como é o caso de proibição do uso desse aparelho nas escolas, a delimitação do que pode e do que não pode estar na escola. Pode, ainda, trazer a natureza do cuidado redobrado por parte dos educadores, a fim de delimitar claramente o sentido da ética.

Na chamada era da informação do conhecimento, garantir o acesso, o uso ético da população às novas linguagens culturais que vão invadindo a escola e se tornam ferramentas essenciais ao desenvolvimento humano dos chamados “incluídos digitais”, encontra-se ainda como desafio no cotidiano da sala de aula das escolas. No entanto, não podemos ignorar a rapidez com que esses aparelhos estão chegando às escolas.

Buscando uma nova epistemologia da visão e da ação que transforme o nosso olhar fixo e opaco para o novo que saltita aos nossos olhos, parece precisar que olhemos para nossos pés. Com o desequilíbrio encontraremos caminhos. Um deles foi à elaboração de torpedos com mensagens de menor consumo de energia. Além do sujeito ou pessoa que possui ou não o celular experimentar a diversidade da escrita, cada um dos alunos também pode experimentar e estar envolvido com possibilidades de tornar o mundo mais belo.

Entre tantas discussões sobre as respostas que devemos dar, como educadores, às transformações culturais e sociais as tantas informações e conhecimentos de mundo trazidos por nossos alunos nos perguntamos: ainda faz sentido falar de ética nas escolas? A resposta a essa pergunta é sim.

Sem limites éticos na escola, o seu fazer pode ficar esquecido colocando como prioridade a ambição individualista, o desejo de poder, a busca desenfreada pelos bens materiais ou mesmo pela própria tecnologia. E com isso a visão humanística, o pensamento pluralista, a participação criativa ficam relegadas a planos que não facilitam a busca da tão sonhada solidariedade. É nessa perspectiva que falar de ética ainda faz sentido como um subsídio a mais para o cumprimento diário e concreto da missão e compromisso da educação. Assim, o uso do conhecimento não estará a serviço de poucos em detrimento dos muitos que se encontram a margem do que se produz com o conhecimento.

Afinal, se o celular a cada “TIM” deseja um “OI” o que é “CLARO” exige de seu usuário uma resposta de que está “VIVO”, não podemos deixar de entender que ele pode ser um bom instrumento de/para a discussão dos usos e fabricações éticas no/do cotidiano das escolas. Desse modo, parece que o provérbio popular colocado no início desse texto é um bom argumento para dialogarmos com as novas mídias que estão invadindo o cotidiano das salas de aula.

Castellano Fernandes Monteiro
http://pt.shvoong.com/humanities/1738763-celulares-em-sala-aula/. Acesso em 30/09/2008

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Internet tem sido aliada e não concorrente dos jornais

A queda contínua do preço dos computadores e do acesso à Internet, assim como a expansão do crédito para as camadas mais populares são, segundo os especialistas, fatores decisivos para o aumento contínuo do número de pessoas conectadas à rede no Brasil. Levantamento do Ibope/NetRatings mostra que a quantidade de brasileiros com acesso residencial à web passa dos 35 milhões. O país tem a população que fica mais tempo conectada (cerca de 23 horas/mês) no mundo, com três horas/mês à frente da Alemanha, o segundo colocado.
Diante desses números e do fato de que a Internet consolida-se cada vez mais enquanto veículo de comunicação, muita gente pensa ou diz que ela está suplantando os veículos convencionais, como o jornal impresso, por exemplo, que estaria às vésperas de se tornar obsoleto. O 7º Congresso Brasileiro de Jornais, acontecido em agosto de 2008 em São Paulo (SP), revelou que isso está longe de ser verdade.
O mercado brasileiro de publicações periódicas - não só os jornais, mas também as revistas - está passando por um momento de expansão. No primeiro semestre de 2008, por exemplo, os jornais obtiveram o melhor resultado em termos de faturamento publicitário dos últimos oito anos, atingindo um total de R$ 1,6 bilhão. A cifra ganha ainda mais relevância quando se considera que os jornais são a segunda maior fatia do bolo publicitário nacional, com participação de 17,3%.

Perspectivas de expansão
Há 3 mil títulos de jornal em todo o país, dos quais 500 são diários (por título, entende-se o nome do periódico, como "Folha de S. Paulo" ou "O Globo", por exemplo). As perspectivas são de que esses números aumentem, acompanhando as projeções de crescimento do país que, para as expectativas moderadas, deve seguir uma média de 3,4% ao ano. A tendência é ampliar tiragens, conquistando os leitores jovens da nova classe média que está se formando no Brasil.
Em vez de atrapalhar, a Internet tem se mostrado uma aliada do jornal impresso. Os grandes grupos de comunicação tem consolidado a audiência no mundo on-line, competindo com os maiores portais ou ainda atuando em parceria com eles. Se as novas mídias mudam a maneira pela qual as pessoas consomem notícias, os veículos têm de se adaptar, tornando-se multimídia.
Um exemplo significativo dessa tendência ocorreu durante as Olimpíadas de Pequim. De um modo geral, os grandes jornais cobriram os eventos em tempo real através da rede, registrando sumariamente os fatos principais e reservando os cadernos de suas edições impressas para informações mais detalhadas, comentários e análises.

Formato físico e palpável
Aliás, as análises das notícias constituem um dos principais atrativos dos jornais impressos, conforme revelou no 7º. Congresso, um estudo realizado pela empresa de pesquisa Ipsos-Marplan. De acordo com os dados do levantamento, o jornal atrai os leitores pela profundidade das informações e pela análise dos assuntos do dia-a-dia, bem como pelo texto de profissionais renomados, que aportam credibilidade ao veículo. Mas é interessante constatar que o formato físico e palpável do jornal ainda é apontado como um de seus grandes atrativos.

A presidente da Associação Nacional de Jornais, Judith Brito, diretora superintendente do Grupo Folha, declarou que os jornais brasileiros devem "usufruir do crescimento presente, enquanto se prepara para cenários futuros, que incluem a consolidação dos negócios na Internet". Para ela, os desafios dos jornais impressos nos próximos anos são: "prosseguir no crescimento da circulação, aumentar a participação no bolo publicitário e tornar o jornalismo na Internet uma operação sustentável".

No âmbito das revistas, uma pesquisa da Associação Nacional das Editoras de Publicações revelou que o mercado passa por um processo de segmentação, isto é, do avanço das publicações destinadas a públicos específicos. O setor vai bem e conta com cerca de mil editoras responsáveis pela publicação de 2,6 mil títulos, com tiragem anual de 1,3 bilhão de exemplares.

*Antonio Carlos Olivieri é escritor, jornalista e diretor da Página 3 Pedagogia & Comunicação. olivieri@pagina3ped.com

http://educacao.uol.com.br/atualidades/imprensa-escrita-jornal.jhtm. Acesso em 08/09/2008.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

COMO FAZER UM DOCUMENTÁRIO NA ESCOLA

O processo de produção de um documentário mobiliza diferentes capacidades e cria uma relação participativa e horizontal entre estudante/professor, que destituem as relações clássicas, e mostra a importância de um trabalho participativo, horizontal e em equipe. São diferentes dinâmicas e oportunidades de construção do conhecimento:

Na escolha do tema/personagens/abordagens, em que é necessário um exercício “brainstorm”, em que o grupo traz questões do cotidiano, personagens locais e próximos, assuntos difíceis de serem abordados em sala de aula, desejos singulares, começa-se a construir um projeto partilhado.

Na pesquisa, que trará o conhecimento já consolidado, existente, prévio, sobre um determinado tema ou se descobrirá que ele existe apenas na forma “oral” ou mesmo não tem muitas referências.

Outra fase importante é a familiarização com os equipamentos e técnicas: como usar a câmera, o microfone, a iluminação, como “conversar” ou “entrevistar”, como abordar e apresentar o trabalho aos participantes, personagens, etc. Nessa fase é fundamental ficar atento para não repetir simplesmente as linguagens já conhecidas, não “imitar” apenas, a linguagem da TV, buscar outras referências na própria história dos documentários e do audiovisual, incorporando também o conhecimento de cada um como “espectador”.

Na realização do documentário, em que a idéia inicial pode se mostrar “distorcida” ou “muito parcial”, acrescentando-se outros olhares, falas e pontos de vistas diferentes do inicial, que podem, inclusive, transformar o propósito do documentário ou mesmo abandonar a proposta que lhe deu origem.

Na edição, é importante conhecer as diferentes formas de “montar”, selecionar o material filmado. O que vale a pena “deixar”? O documentário pode mudar totalmente na fase da edição/montagem ou seguir o planejado.

Em todas as fases, é preciso interação, participação, troca, lidar com conflitos, sair do lugar clássico do aluno que recebe conhecimento pronto e aprender, menos que solucionar e dar resposta, a construir um campo, a formular um problema.
Autora: Ivana Bentes é Diretora e professora da Escola de Comunicação da UFRJ. Ensaísta, pesquisadora na área de comunicação e cultura com ênfase nas questões relativas ao papel da comunicação, da produção audiovisual e das novas tecnologias na cultura contemporânea. Curadora e apresentadora de TV. Consultora desta série.
Tema: Debate: Cinema documentário e educação